Percepção Musical: Dicas de Teoria para Um Melhor Uso dos Samples

Percepção Musical: Dicas de Teoria para Um Melhor Uso dos Samples

A música baseada em samples pode parecer extremamente distante da teoria musical tradicional.

Mas a compreensão básica da teoria pode ajudá-lo a criar músicas melhores, não importando quais ferramentas sejam usadas.

A teoria pode ser difícil, mas os resultados de sua aplicação no trabalho com samples vale o esforço.

Eis aqui cinco dicas de percepção musical para um melhor uso dos samples.

1. Esteja no tom

Esse é o problema número um dos produtores quando se trata de integrar samples com conteúdo harmônico em suas faixas.

Dependendo da sua experiência com a teoria musical isso pode ser um pouco complicado inicialmente e você precisará usar seus ouvidos para ajudá-lo.

Para começar, identifique o tom da sua própria faixa. Se você escreve músicas improvisando acordes e linhas melódicas, talvez você não saiba o tom da sua música logo de cara.

Aqui está uma boa dica: uma música normalmente começa em uma harmonia tônica. Isso significa que, por vezes, o primeiro acorde da música pode lhe dizer o tom imediatamente!

Uma música normalmente começa em harmonia tônica.

Mas, para para conhecer a tônica em definitivo, você deve observar suas progressões harmônicas. Ouça a região de descanso harmônico da música – o acorde que soa mais estável, como o “porto seguro” da faixa.

Em seguida, use a análise com números Romanos para ter certeza. O sinal mais infalível que confirma uma tonalidade é o movimento de um acorde dominante para o acorde tônico que serve de repouso para uma frase.

https://blog-dev.landr.com/wp-content/uploads/2019/09/Ear-Training-Theory-Tips-for-Using-your-Samples-Better_VI.png

Fique de olho nos V-I’s!

Depois de determinar o tom da sua faixa, você precisa encontrar a relação que o sample estabelece com ela.

Aqui é onde entra a percepção musical! Se o seu sample for uma nota única, você precisará encontrar a relação intervalar entre o sample e a nota tônica do tom da sua música.

Se você precisar de mais prática para identificar as relações de intervalos musicais de ouvido, confira a nossa seleção de aplicativos de percepção musical para desenvolver suas habilidades.

Por fim, use a função de transposição do seu sampler para assim transpor o sample para o tom da sua faixa.

2. Experimente tonalidades relativas

Tons relativos são tons maiores e menores relacionados que compartilham a mesma armadura de clave.

Tons relativos são tons maiores e menores relacionados que compartilham a mesma armadura de clave.

Todo tom maior possui um menor relativo correspondente e o mesmo vale para todo tom menor.

Isso significa que uma sequência melódica sempre pode funcionar em pelo menos dois tons!

Mesmo que seu sample possua uma melodia em tom maior, ela pode ser mais interessante no tom menor relativo – e vice-versa.

Para encontrar o menor relativo de um tom maior, pegue a escala que começa e termina no sexto grau, na mesma armadura de clave.

Para encontrar o relativo maior de um tom menor, pegue a escala que começa e termina no terceiro grau, também na mesma armadura de clave.

https://blog-dev.landr.com/wp-content/uploads/2018/02/Circle-Of-Fifths-Major-Triads.gif

E então chegamos aos modos. Se você deseja sair da escala maior você pode usar fórmulas de escalas relacionadas para mover suas melodias sampleadas para modos diferentes!

Por exemplo, uma melodia em C maior que contém a subtônica (B) – também conhecida como “sensível” – tocada sobre a nota F como tônica é na verdade uma melodia em F Lídio!

3. Conheça as qualidades dos acordes diatônicos

Só porque um sample contém um acorde maior ou menor não significa que você está limitado a usá-lo como um acorde tônico em um único tom (e seu relativo menor/maior).

Acordes maiores e menores têm seu lugar dentro de um tom. Estes são chamados de acordes diatônicos.

Os acordes diatônicos são os acordes construídos em cada grau da escala, apenas com notas contidas no tom.

Os acordes diatônicos são os acordes construídos em cada grau da escala, apenas com notas contidas no tom.

Aqui está um gráfico útil para lembrar a ordem das qualidades dos acordes na escala maior:

diatonic chords major scale

Observando o gráfico, é fácil ver que cada tom possui três acordes maiores e três menores. Independentemente do tom em que você esteja, você terá três opções para ambas ao transpor seus samples.

4. Faça progressões com acordes paralelos

Você pode se sentir um pouco limitado ao trabalhar com um sample que possui um só acorde.

Como você não pode alterar as relações entre as notas dentro do sample, você se vê obrigado a trabalhar com o que possui.

Mas isso não significa que você não pode criar progressões inteiras com base em um único sample harmônico.

A transposição paralela pode ser uma técnica de acordes interessante.

A transposição paralela pode ser uma técnica de acordes interessante.

De fato, existem muitos exemplos de músicas clássicas criadas em acordes paralelos.

Esse é um ótimo exemplo de como as limitações às vezes podem aumentar a criatividade!

5. Experimente com o ritmo

Até agora só falamos sobre harmonia, mas existe a mesma quantidade de conhecimento teórico em relação ao ritmo.

Os ritmos sampleados não precisam se ajustar perfeitamente em blocos rígidos. Desloque o início e o fim dos grooves de percussão para descobrir maneiras únicas de encaixá-los.

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Você pode até observar que essas tensões rítmicas alternativas produzem polirritmias que agregam considerável interesse a loops opacos.

Ouvidos bem treinados

A percepção musical é um dos tópicos mais importantes da teoria musical.

As habilidades que você desenvolve através da percepção musical o ajudarão em todas as situações musicais, até mesmo no uso samples.

Experimente utilizar estas dicas na próxima vez em que você estiver se esforçando com samples e teoria musical.

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Gabriel Valente

Gabriel é um músico apaixonado pelas paisagens sonoras do Brasil. Recém radicado em Montreal, ama pedalar pelas ruas da cidade e acredita na força do som e dos encontros.

@Gabriel Valente

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